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Mortal Kombat

Um ano havia se passado desde que eu endoidara com o filme do Street Fighter. Um ano comentando “você viu que o Dhalsim era uma merda de cientista?” e Cammy era gata viu?” (qual é, dá um desconto, 1994 não conhecia silicone ainda), ou o mais presente “Quando o Dee Jay falou que devia ter ficado na Microsoft, inventei um novo palavrão tão ferrado que meu pai ao invés de me bater, me aplaudiu em pé”, entre outros comentários acalorados.

 

Um ano.

 

Mas eu nunca fui lá muuuuuuuito fã de Street Fighter não. Ia no flipper pra jogar e SEMPRE depois da primeira/segunda luta, vinha um babaca pra enfiar a ficha lá e tirar contra – e consequentemente me dar um cacete pra eu perder a ficha, claro. “Porra de ‘haduguem’ que não sai!” ,“tem que segurar dois segundos ou meia hora pra trás pra soltar essa merda de ‘alecfum’?”

 

Mas no Mortal Kombat não tinha boi. Eu metia a ficha lá e mandava ver. Vinha um ou outro otário pra tirar contra, claro, mas esse saia com um Fatality na testa pra aprender (abençoado Sub Zero). Detonava mesmo, e claro, por ganhar sempre (ou quase) gostava mais do Mortal que do Street  (normal o ser humano não gostar do que, quando tenta, é humilhado e perde 25 centavos).

 

E pra quê eu falei tudo isso? Ora, pra apresentar o quadro completo e justificar a diarreia verborrágica que tive quando soube que ia sair um filme do Mortal Kombat. “Quê? NEM FUD%$DO! TOMÁ NO %$! MAS QUE DEMAIS!”

Animação! Euforia! Alegria intensa! E essa merda toda.

Mas ao mesmo tempo surgiu um amargo, porém inevitável, pensamento gélido: “É... bora esperar um ano pra sair em fita...”. Era normal ora pombas, cinema na época só se o pai levasse junto, não tinha grana nem nada.

 

Mas Deus existe - e eu descobri isso quando ele incarnou no meu velho e mexeu a boca dele para formar a seguinte frase: “Vamos ver Mortal Kombat no cinema logo, antes que eu me arrependa”.

 

Maluco... sei lá, endoidei de tal maneira que até falei besteira (“Olha pai, depois dessa vou até melhorar em matemática!”NUNCA cumpri essa promessa estúpida).

 

Rola o tape.

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Ah Mortal Kombat... Lançado em 1995, na onda de Street Fighter. Dirigido por Paul W.S. Anderson (que anos mais tarde, por odiar a violência em Resident Evil, arquitetou um plano maligno junto a sua esposa Milla “Alice” Jovovich para tornar o game uma matinê infantil), o filme na época contou com um elenco composto em sua maioria por desconhecidos (ou quase desconhecidos) e sofreu várias alterações no roteiro antes da Midway liberar seu filho gamístico para passear nas telonas. Deveria ter sido lançado bem próximo de Street Fighter, mas quando a produtora viu o fracasso de bilheteria do concorrente nos games de porrada, apertou o cinto e relaxou a retaguarda para aguardar um momento mais propício.

 

A história passa-se nos dias atuais. Para os que não conhecem a missa (meio absurdo, até minha esposa que um dia me perguntou “Quem é Luke Skywalker?”  conhecia o jogo. Mas como sempre tem um...), vamos nós. Uma vez a cada geração, acontece um torneio de artes marciais onde dois reinos enfrentam-se. Os caras maus são os lutadores do Reino de Outworld, liderados pelo imperador Shao Khan que, através das eras, já havia conquistado vários outros reinos e os adicionado ao seu próprio. Os caras bons são os guerreiros que representam o nosso Reino da Terra, sendo os malucos que a várias gerações enfrentam os calangos de Outworld para impedir que Kahn um dia desfile na praia de Copacabana com seu exército de assassinos, pintando o calçadão com um vermelho-sangue.

 

Porém, a galera da Terra é bem incompetente, e já havia perdido até então 9 torneios seguidos. O resultado, além de fazer a banca de apostas para lutadores da Terra (azarões) aumentar para  1 pra 10, foi que agora estávamos a beira da merda total, uma vez que as regras sagradas dos Deuses Anciães (que organizam a bagaça toda) diziam que Outworld precisava de 10 vitórias consecutivas para chamar nosso planeta de “meu quintal”.  Um novo torneio Mortal Kombat estava para ser iniciado, e os participantes que representariam o Reino da Terra estavam sendo escolhidos.

 

O mocinho do filme é Liu Kang (Robin Shou), cujo irmão, Chang (Steven Ho) protagoniza a cena inicial do filme, levando (como diria meu cunhado Filipe) uma verdadeira “suvaca” do feiticeiro maligno e principal assecla do Imperador de Outworld, Shang Tsung (Cary-Hiroyuki Tagawa). Liu acorda no seu “apertamento” de madrugada, descobrindo que a cena que vimos havia sido seu pesadelo (Tsung pode ter feito coisa muito pior com o moleque, ao que nos compete dizer, mas pra quê ser negativista não?). Liu apanha um telegrama já aberto no chão do apê, que trazia a mensagem da morte do irmão caçula enviada por seu avô, que era um monge do Templo da Ordem da Luz. O telegrama também dizia ao rapaz para que voltasse para casa (no Templo).

 

Ao chegar no Templo, descobrimos através da conversa afetiva entre o vovô (Lloyd Kino) e Liu que o rapaz, que estava de saco cheio das vestes monásticas, rosários de conta e de ver magrelo careca e feio (meu Deus os monges daquele templo são feios pra cacete!), havia partido para a América para tentar a vida. Quando abandonou o Templo, seu irmão Chang ficou para sucede-lo nos treinamentos que o preparariam para o torneio. Aí é que você liga os pontinhos: Liu Kang seria o escolhido do Templo da Ordem da Luz para representar o Domínio da Terra no Mortal Kombat. Mas totalmente incrédulo em toda essa ladainha, Liu foi-se embora para comer no McDonald’s e colecionar Hustlers para poder descabelar seu ex-palhaço monástico, e sobrou pro Chang a piaba. O moleque treinou até o dia que Tsung deu um pulo básico no Templo pro chá das 5 e achou que, já que estava lá mesmo sem fazer nada,  era boa ideia aproveitar para matar o representante da Terra que ele tinha como mais perigoso (uma vez que o Templo da Ord...  – dane-se, num vou ficar digitando essa droga de nome 20 vezes – havia sido o lugar de onde surgiu, à gerações atrás, o primeiro campeão da Terra:  o Grande Kung Lao, guerreiro do qual Liu e seu brother eram descendentes diretos). Com um dos descendentes agora morto, a responsabilidade de representar o Templo no Mortal Kombat voltou para os ombros de Liu.

 

Mas nem era preciso que se falasse isso duas vezes. Kang, que estava completamente emputecido com Tsung, já havia prometido a si mesmo que a bunda magra do feiticeiro maligno era dele, e só havia dado um pulo na casa do avô pra dar a letra que estava à caminho da vingança. Sabendo que estes motivos eram os errados, e que o levariam a derrota no torneio, o conselho dos monges apresentou-se resistente à indicação de Liu Kang como representante da Terra – alegação pela qual Liu andava e fazia o número 2, pois ele estava determinado a ir e não necessitava de permissão nenhuma. Entre os monges, porém, havia um vestido em trapos velhos (tá certo que TODOS os monges da cena vestem trapos velhos, mas os deste aqui eram um verdadeiro espetáculo da pobreza) e com um grande chapéu de palha. Este era um respondão, e peitou todas as alegações do enraivecido Liu de que partia por vingança. O diz-que-me-diz durou até o monge “mendigo” chamar a mãe de Liu de coxinha, dizendo à ele para que lhe mostrasse como venceria o feiticeiro tido como imortal no Mortal Kombat. O jovem monge de jaqueta de couro, que quer mostrar o quanto é fodão e fantástico, investe contra o trapeiro com um poderoso soco, o qual o maltrapilho bloqueia com uma mão apenas, ainda usando a própria força do rapaz para derruba-lo em um só movimento. Depois do mico em frente a 110 monges desdentados, ficamos sabendo que o indigente do chapelão de palha é na verdade Rayden (Christopher Lambert), “Deus do Trovão e Protetor do Domínio da Terra”, que já acompanha o nosso reino desde o início das competitividades entre a esta e Outworld. Enraivecido, Liu Kang manda tudo à excrementos humanos e vai-se embora, afirmando que acabaria com Shang Tsung e ponto final. O avô de Liu diz à Rayden, enquanto o jovem vai embora batendo o pé, que ele não estava pronto para o torneio. Apesar de concordar, o Deus do Trovão responde com um pesaroso “Mas não há nenhum outro”.

 

Isso de lado, lá em Hong Kong numa baladinha tão agitada como poderia ser em 1995, uma mina e um negão 4x4 que parecem ser da polícia tentam abrir caminho por entre a horda de doidões curtindo um som. O bacana é que a “bala” que rola nessa festinha deve ser da brava, porque tanto a mina quanto o negão estão armados com duas carabinas gigantescamente singelas e ninguém está nem aí – afinal, o importante é curtir. Descobrimos então que a loirinha chama-se Sonya Blade (Bridgette Wilson), o negão atende pela graça de Jax (Gregory McKinney), e eles estão caçando um criminoso chamado Kano (na dublagem fico “Cano” mesmo, tipo da Amanco ou da Tigre, nada de Queinou como é pronunciado originalmente).

Enquanto isso, no lustre do...  Bom, no lustre do Castelo você já sabe o que está rolando (leu a minha resenha furada de Street Fighter? Vá ler logo! Eu aliás queria muito saber o porquê de toda vez que eu falo “Enquanto isso...” a minha memória completa com “...no Lustre do Castelo...” Será que sou tão retardado assim?).

Mas, por outro lado, na baladinha onde estão Sonya e Jax há uma salinha VIP, de onde estão observando toda a movimentação um cara bizarro com cara de ator pornô e um olho de metal e um japa numa estilosa jaqueta de couro. De cara você bate no dominó com dublê de sena  e vê que o Yakuza de jaquetão é o mesmo que mata Chang no sonho de Liu - Shang Tsung. Daí mais 5 segundos de papo furado e você também chega a brilhante conclusão que o caolho é Kano (Trevor Goddard). Ao que parece, Kano matou um amigo muito querido de Sonya (história comprida e que o filme não faz questão nenhuma de detalhar, portanto para encurtar os fatos, digamos que ele pode ter despejado cândida no aquário do peixe dourado dela ou algo assim) e Tsung, sabendo disso e querendo Sonya participando do seu torneio, parece estar usando o criminoso do olho de lata para atraí-la para o mesmo.  Após breve tiroteio com um dos capangas de Kano (raios, nem com os tiros o povo perde a animação! Ninguém nem aí! “Se eu tomar uma bala na cabeça vai ser pura curtição!”), a loira descobre que chegou tarde e que seu queridão já deu no pé em direção à um porto.

 

Bora lá pra Los Angeles agora. Acompanhamos uma cena onde um almofadinha, estiloso no seu terno e gravata, adentra um galpão abandonado. Lá, mais três NPCs aguardam-no, cada um com um brinquedo diferente (um com um bastão, outro de nunchaku e outro com um... sei lá, “vibrador que dá choques”, nunca ví aquilo lá). O bonitão que chegou agora chama os três pra dançarem lambada, mas estes últimos estão a fim de utilizarem seus brinquedos de formato fálico no folgado e partem para cima. 10 segundos de encacepamento e o exibidão já detonou 2 dos 3 capanguetes. Quando vai detonar o outro... bem, algo sai errado. Ele dá um chute... dois chutes... uma giratória... e o cara ainda está de pé. Você começa a pensar “Cacete! Este aí aguenta porrada! É dos bons!”, mas vê que não é bem por aí quando finalmente o bonitão se cansa e simplesmente diz à ele: “Agora você tinha que cair!”, ao que, prontamente, o capanga – agora com cara de babaca assustado – joga-se no chão como se tivesse sido nocauteado por Deus. Puto, o almofadinha vira-se e esbraveja “Onde é que vocês arranjam esses caras?”,  quando imediatamente entram em quadro câmeras, produtores, cabo-mans e a grua do diretor – sim, isto é apenas a gravação de um filme hollywoodiano. Graças ao diretor (que, propositalmente parece um sósia do Steven Spielberg), descobrimos que o folgado chama-se Jhonny Cage (Linden Ashby), e também que Jhonny já está de saco cheio de filmar com amadores. Deixando o set de filmagem para trás (bem como o diretor desesperado e prometendo dar-lhe um brioche se o rapaz voltasse e não desistisse do filme), Jhonny acaba deparando-se com uma figura sentada tranquilamente em sua cadeira e lendo um tablóide local que o acusa de ser uma farsa como lutador.  Como se já não estivesse louco da vida o suficiente e ainda visse isto, Cage já vai mandando educadamente o folgado vazar de lá. Mas o cara na verdade é seu próprio Mestre Boyd (Peter Jason), e assim que percebe isso, Cage trata logo de desculpar-se. Ele releva ao mestre que está muito puto com esses boatos da mídia, ao que o velho replica que ele acaba de receber a chance de provar-lhes o contrário. Um estranho convite é então entregue ao rapaz, o qual Boyd explica tratar-se de um torneio importantíssimo:  “Este é O torneio, que acontece somente uma vez a cada geração”. Vencendo-o, Jhonny ganharia respeito e se auto afirmaria definitivamente como um artista marcial autêntico e habilidoso. O mestre conclui lhe dizendo que, se ele aceitasse participar, deveria ir à um certo porto, de onde um barco partiria para a ilha onde aconteceria o tal evento. Jhonny, claro, aceita o convite todo pimpão.

Pouco mais tarde, porém, já longe dos olhos de seu “pupilo”, o mestre Boyd mostra que na verdade era Shang Tsung, que obviamente utilizou a imagem do velho mestre para atrair outro que escolhera para o Mortal Kombat (e o que também significaria que Boyd  já passara desta para melhor, uma vez que Tsung só consegue transformar-se naqueles que derrotou e roubou-lhe a alma) .

 

Temos os três principais já convidados, então vamos correr para o porto que disseram que o barco lá ia sair. Quem sabe a Sonya também não dê um pulo por lá pra procurar pelo assassino de seu peixinho dourado.

 

E lá chegando... Falei pra você! Alí está Sonya! De tocaia com Jax, espreitando à procura de Kano.

No cais, Cage passeia com suas 3 toneladas de bagagem, à procura de um trouxa para lhe servir de carregador. Enquanto procura, ele reconhece Art Lean  (Kenneth Edwards), um famoso lutador de artes marciais que, ao que tudo indica, ou veio pescar lambaris ou também vai para o Mortal Kombat. Após breve papo amistoso, Jhonny avista um qualquer com cara de otário e logo lhe pergunta se ele não gostaria de carregar suas malas em troca de de umas verdinhas. Porém o “otário” em questão é Liu Kang, que no melhor estilo “sou babaca e não sei brincar”, aceita a grana de Cage, apanha uma de suas malas e alegremente a atira na água. Com Liu cinco paus mais rico e Cage alguns ternos mais pobre, este último não consegue deixar de pensar que teve sorte de apenas ter-lhe pedido para carregar suas malas – “Se eu tivesse pedido pra estacionar o carro...” – nem nos diga Jhonny, e se tivéssemos pedido pra ele dirigir o filme?!?

 

Mas tudo deixa de ser importante quando o tão aguardado barco chega ao porto. Surgindo por entre as brumas, esta  embarcação milenar (um barco velho pra cara%#o)  atraca no porto. Sua ponte baixa para o cais, convidando os participantes do torneio à embarcarem. Liu, Jhonny e Art logo pulam pra dentro. Mas e a Sonya?

 

Ah, não esquecemos dela, lá está a loira, ainda à espreitar escondida, cautelosa. Mas lá se vai a cautela pro cacete quando ela finalmente vê Kano – este dentro do barco nefasto. Sonya sai em disparada, ignorando os pedidos de Jax para que não o fizesse.

 

Dentro da barcoso, Sonya está vasculhando em busca de Kanílsson. Cage tenta dar em cima dela, mas só consegue dar é com os burros n`água mesmo. Ao avistar Shang Tsung, a bad girl  vai-lhe ao encalço por saber que este saberia (“por saber que este saberia”? tão ridículo que nem vou apagar – podem zoar à vontade) do paradeiro do “Mano Kanoso”. Ela o segue até os porões do navio.

 

Ao achar que encurralou Tsung lá nos tais porões e apontando-lhe a arma, Sonya exige que o feiticeiro diga onde está o caolho assassino de vidas marinhas. Jhonny e Liu aparecem em seguida para ajudar a moça (...bom, na verdade Liu quer a cabeça de Tsung por motivos próprios, e Cage quer apenas que Sonya aceite um convite para um fígado acebolado com tubaína). Mas o velho china da jaqueta de couro não é nada burro, e logo iguala os números para o seu lado. Eis que entram dois elementos na história que, veeeeelho, eu sonhava em ver.

 

Pela porta por onde os nossos três heróis haviam entrado, agora passam duas figuras épicas: Sub-Zero (Fraçois Petit) e Scorpion (Chris Casamassa. E sim, neste momento chorei de emoção.). Tsung os apresenta, dizendo que ambos são inimigos mortais, porém “escravos sob o seu comando”. Agora os três tem o feiticeiro imortal às costas e o prodígio de Lin Kuei e o espectro ninja de Netherrealm aliados, bem à sua frente: Se a situação não ficou preta de vez, podemos dizer que ela está “marrom coco-queimado”.

 

Sonya aponta a arma para Sub-Zero tentando rendê-lo com sua pistolinha, a qual o ninja congela e quebra com facilidade fantástica. Scorpion também prepara um truque da sua manga - ou melhor, da palma de sua mão direita – seu famosíssimo “arpão”, que no filme ganhou uma cabeça de réptil ou coisa parecida. Quando a “situation” prepara-se para proceder as palavras “really fucked”, dois raios de energia mirabolantemente aleatórios invadem o local e atacam os ninjas. Destes raios, então, materializa-se ninguém menos que Lord Rayden, que veio em auxílio aos seus guerreiros. Tsung então retira os ninjas de estimação e o próprio time de campo, alertando que estão cada vez mais próximos da ilha, lugar onde o Deus do Trovão não tem poderes.

 

Após toda a ação que acabaram de ver, os três confabulam para entenderem o quê foi tudo aquilo.

“Como pode um cara congelar coisas com as mãos e outro ser feito de eletricidade afinal?”

Mas é aí que Rayden lhes aparece, e finalmente lhes explica o real porquê de estarem ali. A conversa de salvarem o planeta já era ladainha conhecida para Liu, que crescera ouvindo isso (embora nunca acreditasse... até agora), porém soa como piada aos ouvidos incrédulos de Jhonny e, principalmente, de Sonya. Mas que nem mesmo estes dois podem negar que há algo de estranho nessa história em quadrinhos, já é fato.

 

Jogo de luzes, efeitos especiais de 1995 e pombas mancas mais tarde, ele acabam por chegar à tal ilha, que por sinal, fica em Outworld.

 

Lá, eles vão descobrir que, de fato, estão ferrados.

 

Era tudo verdade: existe sim um torneio de vida ou morte que vale a salvação ou destruição do mundo. Também existem caras espetaculares que conseguem proezas sobre-humanas, como congelar coisas com as mãos, atirar arpões e tele transportar, camuflar-se perfeitamente com o ambiente, roubar a alma dos inimigos, etc. etc.

 

Mas o pior ainda estaria por vir: O campeão do Mortal Kombat atualmente é o príncipe Goro – um monstro de 4 braços,  3 metros, 2  neurónios, 1 tanga e nenhum apego pela vida humana. Fora ele quem derrotara o Domínio da Terra nos outros 9 torneios.

 

Ótimo! E qual é a má notícia?

 

Bem, no meio deste pic-nic de de bolacha água e sal no playground do Satanás, pode ser até que haja uma possível aliada dentre a leva de guerreiros de Outworld – a princesa Kitana (Talisa Soto), a “filha” do Imperador, que parece tramar contra ele.  Tsung, sabendo que a mina não é firmeza,  põe mais um ninja, Reptile (Keith Coorke), para vigia-la sempre e impedi-la de ter contato com o povinho da Terra.

 

Bom, os três incautos amigos provavelmente pensam após saberem de tudo isto: “Pô que estranho... não me lembro de ter entrado no ‘Options’ e mudado a dificuldade do joguinho pra ‘Very Hard’...”. Pela cara do Art, inclusive, acredito que precisaremos de uma muda de fraldas limpas para o garoto.

 

(E agora, parafraseando o Telecurso 2000) Atenção: Se liga aí que tá na hora da revisão:

 

Liu Kang, quer vingar seu irmão Chang e fazer Tsung ir girar o Peão da Casa Própria do Baú da Felicidade (que agora, só existe no céu), mas deve aprender que existe muito mais em jogo que apenas vingança pessoal, e deve amadurecer para tanto;

 

Sonya Blade só quer saber de acabar com a raça de Kano, porém sua mania de confiar apenas em si mesmo pode leva-la ao buraco quente e dar ao maníaco criminoso o que ele tanto quer: a chance de mata-la como fez ao seu companheiro peixinho;

 

Jhonny Cage quer e precisa meter um dedo do meio na cara da mídia e mostrar que tem bolas maiores que as do Bruce Lee, mas pode acabar digerindo mais do que pode cagar e se dar muito mal se não ir na maciota;

 

Art Lean quer sobreviver pra ver o final do filme e, consequentemente, ver seu cachê aumentar (será que a máxima dos filmes de que o indivíduo negro é sempre o primeiro a apertar a mão de São Pedro vai prevalecer?);

 

Kitana pode estar querendo algo, ou só cutucar a onça com vara curta e correr quando a barraca armar;

 

Scorpion e Sub-Zero querem se matar, mas antes querem matar a galera da Terra;

 

O monstro (para os gamers de plantão – Shookan) Goro... bom, ele só não quer cair (*assista para entender);

 

Reptile quer dar uma espiadinha e, quem sabe, uma lutadinha;

 

Kano quer encher a pança (lembrou-me o Zanguief...) e fazer um sorrisão “de orelha à orelha” na loirinha Sonya;

 

Shang Tsung anseia por vencer logo o décimo torneio para Outworld e receber de gratificação do Imperador parte da Terra para governar (e torce para que não seja a da América do Sul);

 

E Rayden quer ver o pau beber água, o circo comer e a onça pegar fogo – mas claro, com a Terra ganhando no final.

 

Estão postas, então, as cartas na mesa. Se de lá vai sair um “rouba-monte”, uma “escopa de 15” ou um “Texas Hold’em” só ou Deuses Anciões é que sabem!

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Bem, vamos aos fatos.

 

O que pode ter ocorrido entre este filme e você (que está lendo esta resenha furada agora) é bem óbvio: provavelmente já deve tê-lo assistido. A “Sessão da Tarde”, por exemplo, já passou umas duas vezes. Houve uma época aí que o Sílviomm (mmm...) Santos comprou este petardo e sua sequencia, Mortal Kombat: A Aniquilação, e passou os dois umas trocentas vezes e meia. Se este for o caso, minha resenha aqui vai lhe servir como ponto de referência de “como assistir ao filme mais uma vez”, como foi o caso com Street Fighter: A Batalha Final.

 

Em primeiríssimo lugar, a dica de diamante: Não tome o filme tão à sério. Vai estragar tudo, igual à assistir o filme do Street querendo compará-lo à Sociedade dos Poetas Mortos. Tá certo que Mortal Kombat é um filme bem menos caricato que Street Fighter, mas ainda é um filme onde a máxima é a diversão da galera jovem, portanto não vai ver ali violência, sanguinolência, brutalidade ou coisa do tipo. O que permeia o filme chama-se HUMOR e SARCASMO. Rayden foi idealizado para ser um Deus sarcástico. Infelizmente, Lambert (que o interpreta) aparece bem menos do que eu gostaria que aparecesse, se tivesse mais presença teria sido nota 10. Na ausência das piadas dos Deus do Trovão, Jhonny Cage está lá para suprir a lacuna. 70% das tiradas de Jhonny são caricatas, e sem soar forçado. Cacete, até Liu Kang faz uma piadinha (tipo Joselito, ok, mas uma piadinha) lá no cais com a cara do Cage.

 

Fora o humor, podemos citar que o ponto forte são as próprias cenas de luta. Pelo que podemos analisar tecnicamente, é que, ao assistirem a Street Fighter, os produtores de Mortal pensaram “Quer saber? Vamos é encher essa merda com cenas de porrada. Não há como falharmos.”  E, de fato, foi uma ótima ideia. PORÉM (sempre tem um porém), algumas cenas são meio que curtas demais, e acabam dando um fim de certa forma estúpido para alguns personagens importantes. Outro porém (Hã?! Dois?!), é que, com exceção dos ninjas (e nem todos eles também) você verá apenas alguns movimentos dos jogos – e pode esquecer Jhonny Cage dando chute-sombra, Sonya Blade soltando anéis roxos de energia e muito menos Liu Kang atirando bolas de fogo. Isso, ao menos aqui, NON ECXISTE, são coisas do psíquico (e dos videogames), não da vida real, que é o foco do filme (Hã? Vida real? Então por quê existe um cara que é uma caveira e cospe fogo, um que solta bolas de gelo e outro com quatro braços e do tamanho de um pé de goiaba? Porque ELES SÃO DE OUTRA DIMENSÃO. Explicado?). Fora esses detalhezinhos à toa, temos muitas ótimas cenas de ação. A batalha final também não decepciona.

Em matéria de produção, Mortal Kombat também foi muito melhor trabalhado que o concorrente “Streta Faiter”.  As atuações são mais convincentes, a história é melhor desenvolvida (não taaaaaão melhor, mas melhorzinha) e os diálogos são bem sacados.

 

O cast também ficou bacana. E foi mais bacana ainda porquê, naquela época jovem como eu era, eu não dava a mínima para renome em Hollywood. Se me agradasse, era bom ator e pronto, não importava se antes do filme o cara tinha feito só um comercial de televisão (a não ser que fosse um comercial da Colgate... com sua licença e o perdão da palavra: CAR%#HO, os comerciais desta merda de pasta de dente SÃO UMA BOSTA!!! – “Ai, o babaca do meu dentista disse que existem doze problemas bucais...”, “esfregue esta desgraça nos dentes e tome esta água gelada...”, “Ei você, vadia! Não gostaria de ter dentes mais brancos?” VÁ TOMAR NO C%, ENFIA ESSA PORRA DE TUBO DE PASTA NO RABO E... e...  terminar a resenha furada do Mortal Kombat? Puts é mesmo olha, vamos voltar ao assunto, já desabafei) ou uma aparição no Barney e seus Amigos (é... hoje já faz diferença sim. Se eu vir a pessoa em qualquer programa do Discovery Kids, automaticamente quero MUITO que este indivíduo morra. Sofrendo. Muito.).

 

Bora pro elenco:

Para começar, o imortal Highlander (puta filme do cacete esse heim cara?) Christopher Lambert é escalado para representar o não menos imortal Deus do Trovão Rayden. Década de noventa já ia lá pela metade e Lambert era muito procurado para fazer filmes. Ele constitui o MVP (ator mais bem pago) do filme. Cary-Hiroyuki Tagawa também já era veterano em filmes de ação, já tendo feito o genial Sol Nascente (com Wesley Snipes e a lenda Sean Connery – outro filmão que vai ganhar resenha). Acostumado à vilões (e com cara de um) foi-lhe fácil interpretar o suga-almas Shang Tsung. Tagawa, inclusive, foi a primeira e única escolha dos diretores para interpretar Tsung. Robin Shou, que interpretou Liu Kang, teve de lutar pelo papel. Os casos curiosos são os de Linden Ashby (que fez Jhonny Cage) e Bridgette Wilson (a Sonya Blade), que nem eram cogitados. No caso de Linden, foi uma verdadeira sucessão de cagadas que o levaram ao papel.  Jean-Claude Van Damme – primeira escolha dos diretores -  RECUSOU o papel de Jhonny Cage para fazer Guile em Street Fighter (vai que Van Damme se dava melhor nos flippers de Street que eu...), e Brandon Lee, outro na linha de sucessão ao papel... bem... morreu antes das gravações (fazendo o filme O Corvo). Os Deuses Anciões já tinham dito que a bola era do Linden e não tinha pra mais ninguém. Só que ele não manjava nada de luta e teve de utilizar dublês para suas cenas de ação (mas ficaram boas as cenas, nem se percebe que não é ele). Já Bridgette assumiu a peruca loira da Sonya após Cameron Diaz – que já estava recrutada para o papel -  quebrar o pulso exatamente nos treinos para o filme. Wilson personificou Sonya, e com muito estilo: fez todas as cenas de luta ela mesma (tá, como atriz ela não é grande coisa, mas é uma lutadora razoável). Outras aparições muito bacanas são as de Chris Casamassa (o marcante Scorpion) e Hakin Alstom (que interpretou o primeiro oponente de Liu Kang, creditado no fim como “Fighting Monk”), que não muito depois, fariam uma das minhas séries favoritas – WMAC Masters (vem resenha minha deste seriado mais pra frente, com certeza).

A dublagem também pode ser um impecílio para o bom entendedor de Mortal Kombat. É que a equipe de dublagem simplesmente fez o serviço dela e traduziu TUDO o que viu no script. Portanto aqui

*Não é FIGHT! e sim LUTEM!; Não é FINISH HIM! e sim ACABE COM ELE!; Não é FLAWLESS VICTORY! e sim UMA VITÓRIA LIMPA!; Não é FATALITY! e sim FATALIDADE!, e por aí vamos em frente na pinguela no meio do mato às 3 da manhã...

Raios, nem o Reptile escapou: virou RÉPTIL! Graças a Deus escapamos do “Abaixo de Zero” e do “Escorpião” (mas olha, parece que foi por pouco viu...)... Bom, talvez o que tenha doído mais foi a foderosamente clássica exclamação COME OVER HERE! do Scorpion, que aqui foi dublada como VENHA A CÁ! (... ah porra cara... “venha à cá”??? Tá de brinks com a minha face?) Maaaaas a dublagem não é ruim não, é de qualidade (não se esqueça que eles estavam fazendo o trabalho deles, eles foram pagos para falarem em português, oras). De qualquer modo, no idioma original todas as frases estão lá, bem bonitinhas.

Vamos tratar agora dos que nunca viram esta pérola noventista.

Se você curte um filme de ação alucinante, então pode decepcionar-se um pouco, já que muita violência é omitida, ou se preferir, minimizada.

 

Já para alguém que é fã “hardcore” dos games... bom, pra esse indivíduo o filme não pode – VAI DECEPCIONAR com certeza, uma vez que certos pontos foram modificados em relação aos jogos (Liu Kang não é descendente de Kung Lao nos jogos, e Kitana aqui não usa máscara nem leques, por exemplo) e outros detalhes tenham ficado confusos (vamos ver se eu entendi bem: Reptile é uma lagartixa superdesenvolvida que cai dentro de uma estátua e vira um ninja? Mas o ninja é na verdade a estátua, a lagartixa, a união dos dois ou o Sílvio Santos?). Sem contar que o “fãzáço” mesmo, de carteirinha e fanático, vai aporrinhar a paciência com os detalhes mais idiotas do tipo “Ai, a malha dos ninjas cobre os braços! Não é assim que é a roupa deles!” ou “Ai, o Rayden só aparece de chapéu uma vez só? Tá errado!” e esse tipo de frescuragem.

 

MAS se você é um fã light da série milenar dos games e curte um filminho supimpa com umas lutas estilo aquelas que passavam nas “super-produções” da finada “Sessão Kickboxing” da TV Bandeirantes (lembra desta?), então este é puta filme. Diverte, faz rir e não enjoa na metade.

 

Vale uma assistida. Se já assistiu, vale uma segunda vez. Se já assistiu duas, vale a terceira... e daí por diante!

 

Mas mais importante que isto: Vale lembrar como eram as conversões de games para filmes na já longínqua década de 90, antes de porcarias como Tomb Raider (Ok, Angelina Jolie NÃO é uma porcaria, mas os filmes SIM), Final Fantasy: The Spirits Within (Final Fantasy? AH TÁ!), Street Fighter: The Legend of Chun Li (... ah, nem vou comentar.) e, principalmente, antes da era “Uwe Boll” (não sabe quem é o cara? Então assista Alone in The Dark, Blood Rayne (1 ou 2) ou House of the Dead (1 ou 2 também) e tente - só TENTE - não vomitar!)

 

E aí? Venceu o preconceito contra este filmão clássico? Se deu aquela vontadezinha de assistir (nem que seja só as cenas de luta no YouTube, (ou matar a curiosidade de saber “Que merda ele quis dizer com ‘o Goro não quer cair’?), é isso aí! Missão cumprida! E como diria  Shang Tsung (dublado, sempre):

 

FATALIDADE! UMA VITÓRIA LIMPA!

 

== 5 Estrelas ==

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